Dia 16 de Novembro de 2023 celebrou-se o Dia mundial da Filosofia com uma atividade dirigida a todos os estudantes do 10º e 11º anos de escolaridade, aos quais se juntaram o 9ºB e o 12ºE. Relembrando o contributo do estudo da filosofia, pela sua especificidade, na construção de um espírito crítico, aberto à mudança e à aprendizagem, e de acordo com o desenvolvimento de um espírito democrático essencial ao progresso individual e social, promoveu-se um debate com um tema que, pelos comportamentos generalizados e preconceitos em que toca, tem o poder de mexer com qualquer um de nós. Assim, e subordinado à questão “Será que existem boas justificações para continuar a consumir carne?”, promoveu-se um debate entre alunos do 10º A, com abertura à participação da plateia. Mais que os argumentos usados, o debate serviu como momento de aprendizagem acerca daquilo que constituem as regras da boa discussão crítica e os valores éticos que a devem guiar – tolerância, respeito e honestidade intelectual-, valores e competências que por vezes tanto parecem escassear, nas esferas pública e privada, ecoando reflexões tão distantes quanto próximas:
“Ter uma ideia é crer que se possuem as razões dela, e é, portanto, crer que existe uma razão, um mundo de verdades inteligíveis. Idear, opinar é a mesma coisa que apelar a tal instância, sujeitar-se a ela, aceitar o seu código e a sua sentença, crer, portanto, que o diálogo em que se discutem as razões das nossas ideias é a forma superior da convivência. Não vale falar de ideias ou opiniões onde não se admite uma instância que as regula, uma série de normas a que cabe apelar na discussão. Estas normas são os princípios da cultura. O “novo” (…) é “acabar com as discussões”, e detesta-se qualquer forma de convivência que a implique por si mesma, desde a conversa no parlamento, passando pela ciência. Isto quer dizer que se renuncia à convivência da cultura, que é uma convivência sob normas, e se retrocede a uma convivência bárbara”
Ortega y Gasset, A Rebelião das Massas, pp.85-87.